sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Tempos modernos



Todos os dias quando acordo, eu não sei o que pensar. Minha cabeça acorda naquele redemoinho de ideias e pensamentos girando, girando para esquerda e girando, girando pra direita. Fico zonzo, mareado, sem saber o que fazer a seguir. Acabo olhando pro celular como um instinto, saio do redemoinho e penso em que horas são. Dependendo do dia e do horário, eu paro, esfrego os olhos e tento acordar de verdade e levantar. Às vezes, me pego por uma série embaralhada de cartas do passado enquanto penso que não tenho mais o tempo que passou. Mas, às vezes, ainda mais recentemente, meus pensamentos se perdem e vão para você.

Sua imagem chega a mim e ganha nome, expectativa. Quem é você?, eu me pergunto apesar de saber a resposta, mesmo que seja apenas uma parte dela. Do que você gosta?, o que faz em dias chuvosos?, você sai e se molha?, você fica trancada em casa assistindo filmes antigos enquanto come pipoca? Quem é você? O que quer de mim? Contudo, é óbvio que não iria conseguir responder tudo isso tão tarde, mas tão cedo. As coisas às quatro da manhã tem uma mania de parecerem tardias, tantas outras vezes, eventuais ou recentes demais, como se fossem vistas de uma esquina e estivessem vindo em sua direção, mas você está a 20 quadras de distância e só enxerga um pontinho colorido e fascinante vindo em sua direção.

Fico segurando o celular esperando que, mesmo nesta alta madrugada/baixa manhã, você me mande uma mensagem. Quem sabe um pedido de resgate. Poderia sair de casa e correr para a tua, só para te ver e sem saber o porquê. Talvez só porque você pediu. Só porque você é você e porque todas as perguntas podem ser respondidas, mas você me fascinará e me elevará a novas coisas, a novas sensações e a novos horizontes todos os dias. Eu preciso dessa mensagem. Eu necessito. Fico esperando que ele vibre em minhas mãos, que chegue minha salvação, mas minhas fantasias são frustadas. Aquela esperança passageira passa por mim como um trem bala e o estrago é só interno. 

Não sei o que pensar sobre a situação tão ridícula que me coloquei e afasto o aparelho de mim. Uma parte de minha pessoa ainda tem esperanças e pede para que aquele pedaço frio de plástico vibre, que sua tela se ilumine, que aquela mensagem fantasiosa chegue. Fecho os olhos, focalizando o momento, te focalizando mergulhada naqueles teus olhos cheios de coisas que desconheço e que eu sei que um dia você poderia me contar. É cedo, digo para mim mesmo. Meus olhos estão fechados, minha vida aberta a novas aventuras, a novas esperanças, a esquecer todo aquele tempo perdido. 

Entro tanto nos pensamentos, que eles começam a girar de novo, e de novo, e de novo. Quando vejo, não vejo, pois estou adormecido em algum sonho. Fico nesse estado até já ter amanhecido e repito todo o pensamento e ação da madrugada, como se você tivesse se transformado no meu instinto de sobrevivência, como se eu precisasse de qualquer coisa de você para continuar calmo e sano. Mas dessa vez, algo diferente acontece. Eu aperto o botão e ligo a tela do celular no mesmo instante que chega uma mensagem. Meu coração acelera e não sei se quero ver quem me mandou ela; a decepção poderia ser esmagadora.

Só que é você. Você me agracia com suas palavras, mesmo num tão simples "bom dia". O coração se acalma, e relaxo de uma maneira que não relaxei no meu sono inteiro. Esse poderia ser o meu verdadeiro sonho, mas é a realidade, e fico ainda mais satisfeito de estar acordado, vivendo esta vida. Respondo a mensagem e eu sei que continuaremos a conversar pelo restante do dia que se segue. Talvez sairemos no fim de semana ou em qualquer outro dia da semana. Você que decide. Depois que respondi, deixo o celular em cima da barriga, não querendo afastá-lo totalmente de mim. Acabo me dando conta que nem vi que horas eram, então volto a pegar o celular.

Ainda é cedo.

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