quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Abaixo da superfície



É indubitável que sinto algo por você. Toda a vez que a ouço rir, eu quero engarrafar o som e levar para casa, colocar do lado da minha cama, no criado mudo, e abrir a garrafa toda a noite para dormir e sonhar contigo. Teus olhos são famintos e eu me entrego a eles sem cuidado algum; se me quiser, é só me ver aqui, me entregando de alma e coração. O sorriso é banal porque ele é angelical, lindo, brilhante. Olho para você sempre que posso e gasto toda a minha memória tentando lembrar de cada linha do corpo, de cada curva, de cada porém, entretanto e mas, e de cada ei, mais é lógico que podemos sair na sexta. Mas eu nunca sei por que tento escapar do pensamento, por que tento não descrever a mim mesmo aquela dor fatigante que sinto no meu peito ao vê-la com outro alguém. Talvez eu queira-a. Talvez eu ame-a. Talvez eu seja imbecil demais ao meu garantir de talvezes. Eu a amo e sou burro o suficiente para ficar sentado esperando você me amar enquanto se garante de amor a alguém que desprezo.

O perigo da jogada é me machucar, porém eu acredito que já estou machucado. O perigo maior seria tentar te ter. Afinal, eu te amaria sem precedentes, sem saídas (numa eternidade tão utópica que minha vida correria perigo).

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