quarta-feira, 17 de abril de 2013

Correndo, nos a(es)quecemos do inverno


Nos perguntamos para onde vamos essa noite. Eu brinco, segurando uma garrafa de cerveja, dizendo que deveríamos fugir. Você ri com aquele sorriso estático, eletrostático. Fantástico. As pequenas bolotas da tua touca batem ao redor do seu rosto e eu sorrio, como quase nunca faço longe de você. Você se senta no encosto do sofá e tira um pedaço de cabelo do teu rosto. Olhamos um pro outro numa necessidade de algo mais efervescente do que cigarros e bebidas. Algo mais quente do que casacos. Aquele amor está congelado e não sai mais de debaixo da mesa. Podemos realmente fugir, eu digo para ela, já mantendo um perfil mais sério. Ela estava olhando pro chão com um meio sorriso no rosto. Podemos, não é mesmo?, ela me pergunta e eu só confirmo. Ambos olham pro chão de repente. Eu seguro firmemente a garrafa de cerveja com as duas mãos e olho para ela. Ela para mim. E de repente, sabemos. Vamos sair de debaixo da mesa. Esquecemos de ligar para qualquer um, de propósito. Fechamos as janelas, as portas, desligamos o som e todas as luzes. Saímos e trancamos todas as portas. Jogamos as chaves fora e saímos correndo como loucos no meio do inverno e de uma tempestade de neve. Paramos na estação de trem e pedimos qualquer passagem para qualquer trem. Não precisamos realmente voltar dessa vez. Nem precisamos saber para onde vamos. Nos sentimos vivos. Saímos de debaixo da mesa. Corremos e entramos no vagão para derreter aquele sentimento estagnado que uma vez chamamos de amor.

sábado, 13 de abril de 2013

Nós deixados para trás


Você é, ou era, alguém que eu procurava
sempre meio distante, sentada no parapeito da janela
olhando para o horizonte, para o encaminhar solitário
atraída pelas ondas do amar e pelo som dos corações batendo
aqueles olhos grandes e lotados de desamores
aquele sorriso em gengivas que sempre me arrepiava de prazer
eu te procurei a vida inteira sem saber como era ou foi
e tudo que nos resta, correndo, se foi, partindo como o vento
junto contigo, comigo e com a procura que ficou pela metade
parada ali no encosto do sofá, onde brincávamos de nos amar