quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Resenha: Coraline - Neil Gaiman

"Desde que quatro crianças descobriram a terra encantada de Nárnia, ninguém iniciava uma viagem fantástica num simples abrir de porta. E desde que Alice seguiu o coelho, ninguém enfrentou coisas tão extravagantes e assustadoras. Você não tem que ser criança para se render ao encanto de Gaiman em Coraline. Entre por essa porta e acredite no amor, na magia, e no poder do bem sobre o mal"

"Senhoras e senhores, meninos e meninas, levantem-se para aplaudir: Coraline é o que há". Philip Pullman, autor da série Fronteiras do Universo

"Este livro conta uma história fascinante e perturbadora que quase me matou de susto. A menos que você queira se esconder debaixo de sua cama, com o dedo na boca, tremendo de medo e fazendo toda a espécie de sons estranhos, sugiro que largue o livro devagarinho e vá procurar uma diversão mais leve, algo assim como um crime sem solução, por desvendar". Lemony Snicket, autor da série Desventuras em Série.


Coraline é uma das aquelas histórias que todo mundo já ouviu falar sobre ou porque fizeram um filme adaptado ou porque conhece o autor de algum outro trabalho e fuçando sobre a vida dele descobriu esse livro. Não que nada disso fosse necessário: Coraline é apenas um dos livros mais reconhecidos do grande Neil Gaiman, um dos responsáveis pela grande guinada dos quadrinhos na década de 80, escrevendo Sandman e a Orquídea Negra pela DC Comics (aquela do Batman, sabe?)

Apesar de Neil ser mais conhecido por seus trabalhos mais adultos, como o próprio Sandman e outras histórias, como Lugar Nenhum e Deuses Americanos, ele tem uma grande leva de história infantis, na qual Coraline talvez seja a mais importante delas juntamente com O Livro do Cemitério (nome estranho para um livro infantil, eu sei).

A história nos traz Coraline Jones, uma garota que acabou de se mudar com sua família para uma espécie de mansão dividida: várias pessoas vivem nela como se fossem apartamentos. Lá não há muito o que se fazer, então ela explora os arredores e começa a conhecer os vizinhos. Num dia de chuva, sua mãe e seu pai não a deixar sair de casa para poder explorar, então seu pai lhe dá uma folha e uma caneta e diz para contar as janelas, portas e coisas azuis. Ela conta e descobre uma porta que está trancada, uma porta que não funcionava, que não abria e muito menos fechava. Sua curiosidade aflora e ela pergunta a sua mãe para onde a porta levava. Sua mãe disse que a lugar nenhum e decidiu pegar a chave e mostrar para ela. A porta dava numa parede de tijolos. A mãe voltou a trancar a porta e guardou a chave. À noite daquele mesmo dia, Coraline começa a ouvir ruídos que a levam para a sala de visitas, onde essa porta está localizada. Ela percebe que não estava realmente fechada: estava entreaberta, mas levando, ainda, à uma parede de tijolos.

Depois de dias de tédio, Coraline aproveita que seu pai não está em casa e sua mãe tinha acabado de sair para ir ao supermercado para pegar a chave daquela porta e tentar ver, de novo, aonde ela levava. Após um pequeno sacrifício para conseguir a chave, ela se dirigiu a sala de visitas e tentou abrir de novo a porta. Ela não levava mais à uma parede de tijolos. Agora existia um corredor. Ela segue em frente pelo corredor até chegar do outro lado, onde também há uma porta. É atrás dela que a história realmente começa, porque é lá que Coraline encontra sua outra-mãe e seu outro-pai. É lá que ela descobre que gatos podem falar. E é lá que sua aventura para salvar seus pais e três crianças começa.

O livro em si é muito bom. Neil Gaiman tem grandes sacadas em algumas frases, principalmente nas falas do gato. O que me atazanou um pouco na leitura foi achar que algumas coisas se desenrolam muito rapidamente no começo do livro, deixando aquele clima de "está faltando alguma coisa aqui, mas não sei o que exatamente". Mas isso é somente no começo. Do capítulo 5 em diante a história caminha tranquilamente e de forma bastante divertida e um tanto quanto sombria. Talvez por ter lido com uma idade mais avançada, Coraline não tenha me atingido com tudo que tem, mas não deixa de ter aquele tom sombrio que faz você se perguntar o que tem atrás das portas de sua casa. Os desenhos de Dave McKean (um grande artista que já participou de inúmeros projetos com Gaiman) ajudam a construir esse cenário e até gostaria que existissem mais deles pelo livro. Apesar de ter achado ótimo, sinto que alguma coisa falta no começo, ou que poderia ser maior o livro. Deve ser somente minha vontade por livros maiores gritando, já que Neil e Dave fizeram um ótimo trabalho.

Ficha
Nome: Coraline (do original, Coraline)
Autor: Neil Gaiman
Ilustrações: Dave McKean
Número de páginas: 155
Editora: Rocco Jovens Leitores
Formato: brochura ou ebook
Tamanho: 14 x 21 (o conhecido tamanho de Harry Potter)
Ponto positivo: portas! Adoro portas. Nunca se sabe exatamente o que há atrás delas.
Ponto negativo: o que eu já havia dito, que é a questão de sentir que está faltando algo na história, só que não saber bem o que.

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Nota: 8,5/10


Coraline Jones em sua versão animada em stop-motion. 

Um comentário:

  1. Estou começando a amar o Neil Gaiman, li "Lugar nenhum" (super recomendo já que você gosta de portas) e estou querendo ler tipo TODOS os livros dele. Coraline ainda não li, mas vi o filme, gostei muito e quero ler o livro assim que puder *-*

    http://alimentandosentimentos.blogspot.com.br/

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